Monday, January 14, 2008

L entalu ta e terna

"Amar é sede depois de se ter bem bebido"
--Guimarães Rosa

Lenta e eterna luta sempre será aquela que se trava contra si mesmo, aquela que te trava.
"Hoje eu acordei com sono, sem vontade de acordar". Como pode quase o êxtase inesgotável, o nirvana coletivo ser tão incômodo e desconfortável?

No começo deste ano eu fui ao mar. As pessoas sempre despertarão os sentimentos mais fortes, ainda que um bom ambiente os potencialize à infinitésima potência. No mar havia o sol de fim de tarde, a temperatura perfeita e a transparência cristalina. Senti o mar me puxar, presságio de uma onda enorme. "mergulhe nela, é muito bom sentir ela passar por seus pés". Fiz, me surpreendi, ela estava linda, mas não era ela, era eu. A luta que te trava é eterna, a contra o que te arrasta também. Sempre furei as ondas sem senti-las. Agora quero aprender a flutuar para onde ela me leve, sentir-me leve.

Lentamente, seguia lutando contra a maré que me puxava, presságio da onda que passaria. A onda era desconfortável, a garota não era tão legal, mas a incansável sede, que vinha de outra parte, de outras pessoas, sempre as pessoas, não se saciava com a água do mar.

A experiência do mar é fantástica, mas só faz sentido para quem sabe flutuar entre as ondas, e furá-las sempre que necessário, só que agora sentindo-as acariciar-lhe os pés. A luta é lenta, eterna e para si mesmo insaciável.