Friday, November 17, 2006

Não, não tem nada não

Ontem à 1 da manhã, começo a frase:
-Olá boa noite, o Diógenes, que morava aqui...
O porteiro com os olhos arregalados:
-Ele não mora mais aqui
-Sim, eu sei, ele me pediu que passasse aqui para pegar a correspondência
-Ele não mora mais aqui
-Eu sei, mas ele disse que vocês guardariam a correspondência
-Ah! deixa eu ver!
Pega uns envelopes do lado e olha com muita dificuldade um a um, procurando um nome estranho
-Você tem que ligar aqui durante o dia pro seu Carlos (acho que era esse o nome). Se tiver, tá com ele.

Fico em silêncio a olhar para o figura, e o cara, incomodadado com meu silêncio:
-Deixa eu ver nessas gavetas
Abre a segunda, revira a gaveta, a terceira, a quarta, a segunda de novo.
-É, não tem nada não, vc pode perguntar amanhã.

Penso que se não tem nada, para que perguntar no outro dia, mas tudo bem. Vou dormir.

Hoje, 8h20 da manhã, o outro porteiro:
-Bom dia
-Bom dia, o Diógenes disse que vcs guardariam as correspondencias e pediu que eu passasse aqui.
-Diógenes?
-É, ele morava no 803.
-Deixa eu ver
Revira os mesmos papéis em cima do balcão, abre a mesma segunda gaveta, revira, abre a terceira, a quarta, a segunda de novo.
-Não, não tem nada não

E por algum motivo da natureza, foi meu amigo sair do apartamento, e todo o planeta terra, inclusive as empresas de mala direta deixaram de tentar o convencer a assinar seus jornais, ou a pagar suas contas.

Ai, ai (*Suspiro*), vou ligar para o tal Carlos.

1 comment:

  1. Meu irmão, vc me comentou em um de seus comentários no meu blog, que a questão de nossas vidas é o "para onde?", e não o "como?". E vou explicar-lhe que para mim, há uma paradoxo em suas palavras.

    Obviamente, eu concordo com vc, sobre o fato da importância da escolha do caminho que queremos seguir. Mas o ponto principal é que o fato de escolhermos o caminho, se reflete na forma do "como" vivemos. Obviamente. E te explico. O futuro não é um componente do tempo que tenhamos conhecimento ou qualquer certeza sobre seus detalhes. Não poderíamos, portanto, determinar o "por onde", ou seja, qual é a "direção" correta. O trecho de "Alice no País das Maravilhas" é corretíssimo ao meu ver, mas é metafórico, e acredito que assim deva ser entendido.

    Portanto, a única maneira de buscarmos o caminho, é trilhando-o, ou seja, vivenciando e absorvendo o "como". Pense nisso. Quem sabe suas energias estão direcionadas para suas incertezas em um futuro desconhecido. Como ele acontecerá é segredo universal - não vamos debater aqui o detentor deste segredo (rs). E quem sabe, tirando o foco de algo tão intangível, e apontar seus esforços para o "como" e viver isso na sua totalidade, lhe faça encontrar o tão almejado "caminho".

    Abraços,
    Joe

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